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Opinião: Em tempos de pandemia, é preciso atenção redobrada ao bem-estar emocional dos colaboradores

*Carlos Leston

Aproveito o mote do Setembro Amarelo para levantar uma questão fundamental nos dias atuais: a saúde emocional dos colaboradores. É natural que momentos de incertezas, como este que estamos vivendo por conta da COVID-19, gerem medos, estresses e angústias, tornando necessária a atenção redobrada ao bem-estar psicológico.

Há pouco tempo, este tema ainda era um tabu dentro das empresas, pois acreditava-se, erroneamente, que o colaborador tinha a obrigação de deixar todos seus problemas para trás assim que ele passasse pela catraca da companhia. Mas na vida real não funciona dessa maneira. Não há como desassociar a dimensão pessoal da profissional quanto se trata de impacto emocional – o indivíduo é um só. E as empresas precisam preparar seus líderes e a equipe como um todo para enxergar o colaborador em todas as suas facetas.

Quem não está emocionalmente bem, não produz bem e muito menos possui motivação para dar o seu melhor. Dentro da Tereos, adotamos um trabalho contínuo por meio de nossos programas de desenvolvimento junto às lideranças com o apoio de Recursos Humanos.

Mais recentemente, criamos uma ação complementar chamada de Programa de Apoio e Prevenção ao Covid-19 (PAP Covid-19), um canal de atendimento 24 horas feito por profissionais de psicologia para apoiar colaboradores e seus dependentes. Obviamente, o atendimento é feito de forma sigilosa e os profissionais identificam quem precisa de um acompanhamento psicológico mais próximo.

O PAP chega justamente para dar oportunidade de ampliação do diálogo sobre o tema e encorajar as pessoas a tratarem suas angústias ou inquietações em canal apropriado. Por vezes, quando as pessoas não lidam bem com suas inquietações, algumas utilizam de mecanismos atenuantes, como o consumo exagerado de bebidas alcoólicas, a compulsão por comida, compras etc. Infelizmente, uma forma de fuga comum adotado por quem não se sente amparado a lidar com suas angústias.

A meu ver, ainda existe uma preocupação, por conta de preconceitos sociais, de que o sujeito que procura ajuda psicológica seria classificado como “fraco”. Infelizmente vivemos num mundo em que se evita a todo custo a vivência e validação do sentimento de tristeza e angústia.

O desafio de encorajar as pessoas a procurar ajuda é complexo, mas precisamos caminhar nessa direção, cultivando um ambiente cotidiano de diálogo e abertura com os colaboradores. O bem estar emocional tem impacto direto na produtividade,

qualidade de vida do indivíduo e repercute positivamente no seu círculo de relacionamento: colegas de trabalho, amigos e familiares.

*Carlos Leston é diretor de Recursos Humanos da Tereos